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Astrónomos observam uma alforreca cósmica
2019 outubro 01

Imagem composta da galáxia ESO 137-001 e seus arredores. Crédito: ALMA (ESO/NAOJ/NRAO), P. Jachym (Czech Academy of Sciences) et al.O investigador do IA Tom Scott
Uma equipa internacional1, que conta com a participação do investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA2) Tom Scott, recorreu ao Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), para observar os “tentáculos” de gás da galáxia espiral ESO 137-001.

No visível, a galáxia parece uma espiral normal, mas quando observada na banda do submilimétrico com o ALMA (ESO) revela tentáculos de gás, que fazem o conjunto parecer uma autêntica alforreca.

Os tentáculos são estruturas compactas de gás CO, com uma massa correspondente a mil milhões de sóis. Têm mais de 195 mil anos-luz de comprimento (quase o dobro do diâmetro da Via Láctea) por cerca de 80 mil anos-luz de largura. Terão sido formados por varrimento do gás por pressão dinâmica3, conforme esta foi atravessando o meio intergaláctico, a alta velocidade o meio intergaláctico do enxame de galáxias do Esquadro, o seu gás foi sendo arrancado.

Este mapa de alta resolução do ALMA revelou ainda que os tentáculos da ESO 137-001 possuem zonas extremamente brilhantes (chamadas “bolas de fogo”), onde ocorreram surtos de formação estelar. O mecanismo exato de formação de estrelas no interior dos tentáculos destas “alforrecas cósmicas” ainda não é conhecido, pelo que este novo mapa do ALMA pode dar novas pistas para as condições necessárias à formação de novas estrelas nestes ambientes.

O artigo4 foi publicado no último número da revista The Astrophysical Journal.


Notas
  1. A Equipa é composta por: Pavel Jáchym e Jan Palouš (Astronomical Institute, Czech Academy of Sciences), Jeffrey D. P. Kenney (Dep. of Astronomy, Yale University) , Ming Sun (Dep. of Physics and Astronomy, U. of Alabama in Huntsville), Françoise Combes (Observatoire de Paris, LERMA, PSL, CNRS, Sorbonne U. UPMC, and College de France), Luca Cortese (International Centre for Radio Astronomy Research, U. of Western Australia), Tom C. Scott (Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, Suresh Sivanandam (Dunlap Institute for Astronomy and Astrophysics, U. of Toronto), Elias Brinks (Centre for Astrophysics Research, U. of Hertfordshire,), Elke Roediger (Milne Centre for Astrophysics, Dep. of Physics & Mathematics, U. of Hull), and Michele Fumagalli (Institute for Computational Cosmology and Centre for Extragalactic Astronomy, Durham U.)
  2. O Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) é a maior unidade de investigação na área das Ciências do Espaço em Portugal, integrando investigadores da Universidade do Porto e da Universidade de Lisboa, e englobando a maioria da produção científica nacional na área. Foi avaliado como “Excelente” na última avaliação que a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) encomendou à European Science Foundation (ESF). A atividade do IA é financiada por fundos nacionais e internacionais, incluindo pela FCT/MCES (UID/FIS/04434/2019).
  3. A pressão dinâmica é a pressão exercida num corpo que se move dentro de um fluido, com este último a provocar um arrasto ou varrimento do gás do corpo. Neste caso, é o gás da galáxia a sofrer o arrasto provocado por estar a atravessar o meio intergaláctico do enxame de galáxias do Esquadro.
  4. O artigo “ALMA Unveils Widespread Molecular Gas Clumps in the Ram Pressure Stripped Tail of the Norma Jellyfish Galaxy” foi publicado na revista The Astrophysical Journal, Volume 883, Number 2 DOI: 10.3847/1538-4357/ab3e6c

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