Novo caçador de planetas será instalado no Observatório de La Silla
2017 setembro 19Foto do Telescópio de 3,6 metros do ESO, no Observatório de La Silla. Crédito: Y. Beletsky (LCO)/ESODesenho conceptual do NIRPS. Este espectrógrafo infravermelho foi concebido para detectar planetas rochosos do tipo terrestre, em órbita das estrelas mais frias. Crédito: ESO/NIRPS O NIRPS (Near Infra Red Planet Searcher, ou pesquisador de planetas no infravermelho próximo) será o novo instrumento a ser instalado no
telescópio de 3,6 metros do
Observatório de La Silla do Observatório Europeu do Sul (ESO). O consórcio é liderado pelas Universidades de Montreal e de Genebra, mas conta com uma importante participação do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (
IA1).
De acordo com Pedro Figueira (IA e
Universidade do Porto), “O NIRPS vai ser o primeiro espectrógrafo do ESO dedicado a detetar planetas em torno das anãs M, o tipo de estrelas mais abundante na nossa Galáxia.”. Este espectrógrafo de alta precisão, que entrará em funcionamento em 2019, irá medir velocidades radiais
2 de estrelas anãs vermelhas (ou anãs M), para detetar planetas rochosos do tipo terrestre em órbita. Em particular, o NIRPS terá capacidade para detetar planetas potencialmente habitáveis.
O NIRPS irá juntar-se ao HARPS
3, o mais prolífico instrumento “caçador de planetas”, estendendo as capacidades de observação do telescópio de 3.6 metros para o infravermelho. Para
Nuno Cardoso Santos (IA e
Faculdade de Ciências da Universidade do Porto), “O NIRPS vai complementar dados do atual HARPS, dando-nos a capacidade para observar simultaneamente no infravermelho. A nossa forte participação neste projeto vai-nos igualmente permitir usufruir de mais de 700 noites de observação no telescópio de 3.6-m do ESO para participar na exploração científica do instrumento.”
O IA participa não só na definição da parte científica, como na construção e instalação do ADC (Atmospheric Dispersion Corrector). Segundo
Alexandre Cabral (IA e
Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa), “O subsistema que Portugal está a desenhar e irá construir, testar e instalar, tem como função corrigir a dispersão causada pela atmosfera e, deste modo, permitir atingir os requisitos de precisão que estão definidos para o NIRPS.”
No contexto do ESO, o NIRPS complementará ainda a forte participação do IA no ESPRESSO
4, um novo espectrógrafo de alta resolução (a trabalhar em comprimentos de onda visíveis) e que estará a funcionar a partir do final deste ano. Isso permitirá reforçar a estratégia de longo prazo da equipa do IA nas várias áreas científicas cobertas por estes instrumentos, e abrir caminho para a exploração (científica e tecnológica) de novos espectrógrafos para o ELT, nos quais o IA está igualmente envolvido.
A primeira luz do NIRPS está prevista para o último trimestre de 2019.
NOTAS
- O Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) é a maior unidade de investigação na área das Ciências do Espaço em Portugal, integrando investigadores da Universidade do Porto e da Universidade de Lisboa, e englobando a maioria da produção científica nacional na área. Foi avaliado como “Excelente" na última avaliação que a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) encomendou à European Science Foundation (ESF). A atividade do IA é financiada por fundos nacionais e internacionais, incluindo pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (UID/FIS/04434/2013), POPH/FSE e FEDER através do COMPETE 2020.
- O Método das Velocidades Radiais deteta exoplanetas medindo pequenas variações na velocidade (radial) da estrela, devidas ao movimento que a órbita desses planetas imprime na estrela. A título de exemplo, a variação de velocidade que o movimento da Terra imprime no Sol é de apenas 10 cm/s (cerca de 0,36 km/h). Com este método é possível determinar o valor mínimo da massa do planeta. No entanto, em conjunto com o método dos trânsitos, é possível determinar a massa real.
- O HARPS (High Accuracy Radial velocity Planet Searcher, ou pesquisador de planetas de alta resolução por velocidades radiais) é um espectrógrafo de alta resolução, instalado no telescópio ESO de 3,6 metros do observatório de La Silla (Chile). Deteta variações de velocidade inferiores a 4 km/h (ou aproximadamente a velocidade de uma pessoa a caminhar).
- O ESPRESSO (Echelle SPectrogaph for Rocky Exoplanet and Stable Spectroscopic Observations) será um espectrógrafo de alta resolução, a ser instalado no observatório VLT (ESO). Tem por objetivo procurar e detetar planetas parecidos com a Terra, capazes de suportar vida. Para tal, será capaz de detetar variações de velocidade de cerca de 0,3 km/h. Tem ainda por objetivo testar a estabilidade das constantes fundamentais do Universo. O Consórcio responsável pelo desenvolvimento e construção do ESPRESSO é constituído por instituições académicas e científicas de Portugal, Itália, Suíça e Espanha, bem como membros do Observatório Europeu do Sul. Os parceiros portugueses são o IA (Universidade do Porto e Universidade de Lisboa) e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
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