Ciência do MOONS discutida em Lisboa
2017 setembro 13Imagem conceptual do espectrógrafo MOONS. Crédito: ESO/consórcio MOONS Decorre em Lisboa, de 11 a 13 de setembro, o encontro científico do consórcio do MOONS
1, um novo instrumento para o Very Large Telescope (
VLT), do
ESO, do qual o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (
IA2) é uma das instituições coordenadoras
3. O estudo da história das populações de estrelas na nossa galáxia e o da evolução das galáxias ao longo da história do Universo são algumas das áreas que irão beneficiar do poder de observação do espectrógrafo MOONS, que se prevê estar operacional nos finais de 2020.
Estando o projeto a entrar na sua fase de construção, é agora o momento para definir a ciência que será feita com o MOONS. Este encontro, que decorre na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
4 (
FCUL) visa, entre outros objetivos, consolidar os casos científicos e discutir as estratégias de observação, assegurando que o MOONS terá o maior impacto científico.
O IA participa no MOONS através da definição dos objetivos científicos, da construção de uma parte do instrumento e da sua integração no VLT. Para José Afonso (IA e FCUL), “o IA tem experiência no estudo da evolução de galáxias e no tratamento e interpretação das observações que os instrumentos atuais conseguem fazer e que o MOONS permitirá ultrapassar. Esta participação do IA no MOONS permitirá o acesso a algumas das melhores observações do Universo, assegurando que a investigação nacional continuará na próxima década numa posição de destaque no panorama internacional.”
O IA tem também sido reconhecido internacionalmente pelas suas competências na construção e integração de componentes mecânicas e ópticas neste tipo de instrumentos, como o demonstrou recentemente com o espectrógrafo
ESPRESSO. No âmbito do MOONS, cabe à responsabilidade do IA o desenho e instalação de um sistema de correção óptica com duas lentes de quase um metro de diâmetro, e uma parte mecânica e de controlo automático de movimento que estará acoplada ao próprio telescópio. Esta segunda componente irá acomodar os vários elementos desenvolvidos pelos outros países membros do consórcio.
“Em Portugal, a fase de construção do MOONS irá estender-se até ao verão de 2018”, diz Alexandre Cabral (IA e FCUL), responsável pelo desenvolvimento tecnológico e implementação da componente portuguesa do MOONS. “Após os testes globais na Europa, que estão planeados para terminar no final de 2020, o instrumento seguirá para o Chile onde será instalado num dos telescópios do VLT, o UT1, no Observatório do Paranal.”
Do lado da exploração científica do instrumento pelo IA, segundo José Afonso, o próximo passo será o desenvolvimento de ferramentas para analisar de forma ótima os dados sobre os muitos milhares de galáxias jovens que será possível estudar com o MOONS, numa época da história do Universo ainda bastante desconhecida.
NOTAS:
1. O
MOONS (Multi-Object Optical and Near-infrared Spectrograph, ou espectrógrafo multi-objetos no ótico e infravermelho próximo), é um espectrógrafo que será instalado num dos telescópios do VLT. Durante o seu tempo de vida (10 anos), irá observar cerca de 10 milhões de galáxias, para o estudo da formação e evolução destes sistemas ao longo da história do Universo. Permitirá ainda sondar a estrutura da Via Láctea, observando estrelas até uma distância de 40 mil anos-luz, incluindo regiões obscurecidas por poeira, para a construção de um mapa tridimensional da nossa galáxia.
2. O Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) é a maior unidade de investigação na área das Ciências do Espaço em Portugal, integrando investigadores da Universidade do Porto e da Universidade de Lisboa, e englobando a maioria da produção científica nacional na área. Foi avaliado como “Excelente" na última
avaliação que a Fundação para a Ciência e Tecnologia (
FCT) encomendou à European Science Foundation (
ESF). A atividade do IA é financiada por fundos nacionais e internacionais, incluindo pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (UID/FIS/04434/2013),
POPH/FSE e FEDER através do
COMPETE 2020.
3. O consórcio MOONS é liderado pelo UK Astronomy Technology Centre (UKATC/STFC) e pelo Royal Observatory of Edinburgh – Reino Unido. Inclui também o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) – Portugal; GEPI, Observatoire de Paris – França; os centros de Florença, Bologna, Milano e Roma do Istituto Nazionale di Astrofisica (INAF) – Itália; o Centro de Astro-Ingeniería da Pontificia Universidad Católica de Chile (AIUC) – Chile; o Cavendish Laboratory e o Institute of Astronomy da Universidade de Cambridge – Reino unido; o ETH Zürich, Institute for Astronomy e o Observatoire Astronomique de l'Université de Genève – Suíça; e ainda o ESO.
4. O
MOONS Science Consortium Meeting decorre na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Campo Grande, Edifício C1, 3º andar, Anfiteatro 1.3.23.
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