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Anunciados os resultados do Desafio CHEOPS
2016 março 31

O desafio CHEOPS decorreu entre maio e outubro de 2015.Um dos 88 desenhos das crianças portuguesas, sorteado para ir para o espaço com a missão CHEOPS. Crédito: Ana Amélia Patacho (12 anos)Imagem artística do telescópio espacial CHEOPS. No fundo da imagem podem ver-se duas estrelas com planetas a transitar. Crédito: ESA/C. Carreau

A Agência Espacial Europeia (ESA) lançará para o espaço em 2018 o telescópio espacial CHEOPS. Esta será a maior participação técnica e científica de Portugal numa missão espacial do programa científico da ESA, que tem como parceiros nacionais o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA1) e a Deimos Engenharia2.

Como o satélite tem o tamanho de um pequeno automóvel, a ESA resolveu decorar algumas das paredes vazias com três mil desenhos de crianças europeias, entre os 8 e os 14 anos, num concurso que contou com a participação do IA e do Planetário do Porto – Centro Ciência Viva.

É graças à forte ligação entre investigação e divulgação de ciência no seio do IA, que se torna possível que este tipo de ações tenha lugar. Filipe Pires (IA e Planetário do Porto), ponto de contacto nacional para o Desafio CHEOPS comenta: “Para o Planetário do Porto, a possibilidade de participar numa iniciativa destas é muito gratificante. Como sempre, trabalhar em grande proximidade com os colegas investigadores do IA potenciou a nossa participação enquanto membro do consórcio.

Pires acrescenta ainda que “passámos para o público a ideia que estamos a contribuir para uma missão importante, na linha da frente da investigação na área. E no final, ficamos bastante surpreendidos com o número tão elevado de desenhos que recebemos.

Ao edifício do Planetário do Porto chegaram 812 desenhos de crianças portuguesas. Dos que cumpriam os critérios do concurso, foram sorteados apenas 88, de modo a preencher a cota atribuída a Portugal. E a partir de hoje, todos os três mil desenhos escolhidos podem ser visualizados no site dedicado, produzido pela Universidade de Berna, coorganizadora do desafio.

Os 88 desenhos das crianças portuguesas que foram sorteados podem ser vistos diretamente em http://tinyurl.com/CHEOPS-sorteados. Podem também ver todos os outros desenhos que não foram sorteados em http://tinyurl.com/CHEOPS-outros.

Durante os próximos 6 meses, a equipa de informática aplicada da U. Berna irá miniaturizar os três mil desenhos, para de seguida os gravar em duas placas metálicas. Estas placas serão acopladas ao CHEOPS alguns meses antes do lançamento, previsto para a Primavera de 2018.

O satélite CHEOPS é um telescópio espacial com 32 cm de diâmetro, que estará em órbita da Terra para observar planetas em torno de estrelas distantes. Mas o CHEOPS não consegue ver diretamente estes exoplanetas, recorrendo ao método dos trânsitos3 para os detetar.

Sérgio Sousa (IA e Universidade do Porto), um dos investigadores envolvidos na missão, explica que: "O CHEOPS, apesar de ser uma missão espacial da ESA de pequena dimensão, vai permitir caracterizar com uma precisão sem precedentes alguns dos exoplanetas descobertos mais interessantes. Os investigadores do IA participam no desenvolvimento da missão, estando mesmo responsáveis por parte da redução dos dados, além de terem também uma importante contribuição na equipa científica do CHEOPS."

Para além de medições extremamente rigorosas do brilho das estrelas, será necessária uma complexa cadeia de cálculos, Made in Portugal pelo IA, até ser possível poder obter medições que permitam inferir a composição e habitabilidade desses planetas.

São 500 os alvos a serem observados e a missão durará apenas 3,5 anos, uma limitação imposta pelo combustível. Por isso, a calendarização de forma dinâmica dos pedidos de observação de todas equipas mundiais é um grande desafio. É necessário compatibilizá-los com a disponibilidade técnica do instrumento e com a órbita do satélite (que só pode observar quando está na sombra da Terra), de forma a gastar o mínimo de combustível. Por isso é necessário um sistema de planificação muito avançado, que será o cérebro do Science Operation Centre – e que está a ser desenvolvido em Portugal pela Deimos Engenharia.

Notas
  1. O Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) é a maior unidade de investigação na área das Ciências do Espaço em Portugal, englobando a maioria da produção científica nacional na área. Foi avaliado como “Excelente” na última avaliação que a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) encomendou à European Science Foundation (ESF).
  2. A DEIMOS Engenharia é uma empresa nacional líder em I&D e desenvolvimento de sistemas Espaciais. Desde 2002, o seu conhecimento tem vindo a equipar múltiplas missões científicas Europeias de exploração planetária, observação da Terra, astrofísica e navegação por satélite. A DEIMOS Engenharia é constituída por uma equipa pluridisciplinar de 40 engenheiros altamente qualificados. As tecnologias espaciais desenvolvidas na Deimos são aplicadas nos sectores da aeronáutica, transportes, defesa, oceanografia, agricultura e ambiente, entre outros.
  3. O Método dos Trânsitos consiste na medição da diminuição da luz de uma estrela, provocada pela passagem de um exoplaneta à frente dessa estrela (algo semelhante a um micro-eclipse). Através de um trânsito é possível determinar apenas o raio do planeta. Este método é complicado de usar, porque exige que o(s) planeta(s) e a estrela estejam exatamente alinhados com a linha de visão do observador. Como exemplo da dificuldade destas observações, seria como medir uma pequena diminuição da luz de um candeeiro, a 2 km de distância, e com isso tentar saber o tamanho e a cor das asas do mosquito que passou em frente à lâmpada.
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