Depois de ter terminado a sua missão principal, devido a uma avaria em maio de 2013, a missão espacial Kepler (NASA) ganha agora uma nova vida. A extensão da missão, denominada K2, acabou de provar a sua importância ao detetar o planeta HIP 116454 b, com cerca de 2,5 vezes o tamanho da Terra, através do método dos trânsitos1. Os resultados foram aceites para publicação na revista The Astrophysical Journal2.
Para garantir a fiabilidade dos dados da K2, outros instrumentos foram usados para repetir a deteção. O satélite canadiano MOST3 confirmou o trânsito observado pelo Kepler, enquanto o espectrógrafo HARPS-N4 (Telescopio Nazionale Galileo, Ilhas Canárias), com o método das velocidades radiais5, confirmou a natureza planetária do HIP 116454 b, revelando ainda que a sua massa é quase 12 vezes superior à da Terra, o que o coloca na categoria das “super-terras”6.
Para Pedro Figueira (IA e Universidade do Porto): “Este é um importante resultado pois mostra que o satélite Kepler, através da missão K2, continua a poder fazer ciência do mais alto nível. É também mais um planeta rochoso a juntar-se à lista, mas bem maior e mais massivo que a Terra.”
A missão principal do Kepler exigia a medição muito precisa das variações do brilho das estrelas observadas. Para alcançar este tipo de precisão, o satélite tinha de se manter perfeitamente apontado para as estrelas a observar. No entanto, essa precisão deixou de ser possível em maio do ano passado, quando a segunda das quatro reaction wheels avariou.
A missão estendida K2 só foi possível graças à criatividade da equipa. Esta implica que o satélite seja apontado ao longo da linha da eclíptica (a projeção do plano do Sistema Solar no nosso céu), usando a pressão de radiação da nossa estrela para compensar uma das reaction wheels. Apesar de a precisão ser menor do que antes, é ainda possível caracterizar estrelas brilhantes próximas, e detetar planetas na gama das “super-terras”, que não existem no nosso Sistema Solar.
A estrela HIP 116454 encontra-se a 180 anos-luz de distância, na direção da constelação Peixes. Com 0,77 vezes o diâmetro do Sol e cerca de 5400º C à superfície, esta estrela anã laranja é ligeiramente mais pequena e menos quente que o nosso Sol. O planeta demora apenas 9,1 dias a orbitar a sua estrela, a uma distância de menos de 14 milhões de quilómetros, ou seja, 4,25 vezes mais perto que Mercúrio está do Sol.
Notas
Contactos
We use cookies to ensure that you get the best experience on our website, by continuing on this website you agree to the storing of cookies on your device. Learn more about our Privacy Policy.