Espectrógrafo da próxima geração discutido no Pavilhão do Conhecimento
2014 dezembro 09Uma das equipas do ESPRESSO no Observatório do Paranal, no passado mês de agosto, durante a integração do Coudé Train e do Front-End, dois dos subsistemas do Instrumento. Da esquerda para a direita, em cima: Gerardo Ávila (ESO), Alexandre Cabral (IA), Matteo Aliverti (INAF-Italia), Project Manager Denis Megevand (Observatoire de Genève) ; em baixo: Marco Riva (INAF), Manuele Moschetti (INAF).Foto de uma das caixas com a Electrónica de controlo para sistemas de posicionamento no Coudé Train construída em Portugal. O sensor de temperatura é visível no canto superior direito da imagem. De 9 a 11 de dezembro, o Pavilhão do Conhecimento – Ciência Viva será o palco da ESPRESSO Progress Meeting. Organizado pelo Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA1), este meeting reúne os maiores peritos, para discutir o espectrógrafo ESPRESSO2, o mais preciso instrumento da próxima geração, que irá detetar outras Terras e testar a universalidade das leis da física.
Para Nuno Cardoso Santos (IA e Universidade do Porto), um dos investigadores principais do instrumento: “O ESPRESSO não só vai permitir descobrir planetas semelhantes à Terra, ou estudar a variabilidade das constantes fundamentais da Física, como será também uma peça essencial para complementar dados da missão espacial PLATO3, da Agência Espacial Europeia (ESA), na qual o IA também participa. É por isso um instrumento que colocará o IA numa posição de grande destaque a nível internacional.”
Santos coescreveu com o Professor Michel Mayor e Christophe Lovis um artigo de revisão4 na revista Nature, que descreve como a combinação de instrumentos como o ESPRESSO e o PLATO irá permitir a caracterização de planetas rochosos na zona de habitabilidade de outras estrelas.
A ser instalado no Very Large Telescope (VLT), do Observatório Europeu do Sul (ESO), a construção deste instrumento está a cargo de um consórcio entre Portugal, Itália, Suíça e Espanha, sendo a participação portuguesa assegurada pelo Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA).
Segundo Alexandre Cabral (IA e Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa), “Já começaram os trabalhos no Paranal, nomeadamente na instalação do Isolamento Térmico, da estrutura do front-end do instrumento, e na instalação dos primeiros suportes para as lentes do sistema coudé train, que está a ser construído pelo IA e cuja instalação no Paranal começou em Agosto deste ano.”
Acerca da participação do IA, Cabral acrescenta ainda que: “Em 2015 teremos 5 missões ao Paranal, onde toda a mecânica deverá ficar pronta para a instalação final dos elementos óticos, que estão neste momento a ser fabricados pela europa fora.”
Além dos investigadores do IA, que organizam o Meeting, este conta ainda com participantes do ESO, Observatório de Genebra, Instituto de Astrofísica da Canárias e INAF, entre outros.
Notas
- As duas maiores instituições nacionais de investigação em Astronomia, CAUP e CAAUL colaboram cientificamente desde 2007. Esta união de esforços contribuiu decisivamente para tornar as Ciências do Espaço numa das áreas da investigação portuguesa de maior impacto internacional. Atualmente, as duas unidades encontram-se num processo de fusão que dará origem ao novo Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA). O IA englobará cerca de 70% da investigação científica nacional na área.
- O ESPRESSO (Echelle SPectrogaph for Rocky Exoplanet and Stable Spectroscopic Observations) será um espectrógrafo de alta resolução, a ser instalado no observatório VLT (ESO). Tem por objetivo procurar e detetar planetas parecidos com a Terra, capazes de suportar vida. Para tal, será capaz de detetar variações de velocidade de cerca de 0,3 km/h (ou a velocidade máxima de uma tartaruga das Galápagos a caminhar). A precisão e estabilidade do ESPRESSO tornam-no ainda o instrumento ideal para testar a universalidade das leis da física e a estabilidade das constantes fundamentais do Universo. O Consórcio responsável pelo desenvolvimento e construção do ESPRESSO é constituído por instituições académicas e científicas de Portugal, Itália, Suíça e Espanha, bem como membros do Observatório Europeu do Sul (ESO). A participação portuguesa está a cargo do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA).
- PLATO vai observar e caracterizar, durante vários anos consecutivos e com grande precisão, um grande número de estrelas relativamente próximas. Nestas, irá procurar super-terras e planetas do tipo terreste, que orbitem na zona de habitabilidade de estrelas do tipo solar. Estas observações irão fornecer dados acerca destes planetas, além de tentar perceber a arquitetura dos sistemas planetários onde estes se encontram. A partir das curvas de luz obtidas pelo PLATO, será também possível determinar as frequências de oscilação de mais de 80,000 estrelas. Com técnicas de asterossismologia, estas frequências serão usadas para inferir os raios, massas e idades das estrelas em causa, elementos que, por sua vez, são essenciais para a caracterização dos sistemas exoplanetários e dos planetas que os compõem.
- O artigo “Doppler spectroscopy as a path to the detection of Earth-like planets” foi publicado na revista Nature (DOI:10.1038/nature13780).
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