Estão colocadas as fundações do maior radiotelescópio do mundo
2019 março 12Primeiros signatários do tratado internacional que cria o Observatório SKA. Créditos: SKA OrganizationConceção artística de discos que farão parte de uma das redes do SKA, na África do Sul. Créditos: SKA Organization. Sete países, entre os quais Portugal, membros fundadores do Square Kilometre Array (
SKA)
1, o futuro maior radiotelescópio do mundo, assinaram hoje em Roma o tratado para o estabelecimento da organização intergovernamental
2 responsável pela sua execução e operação.
O SKA é um dos mais ambiciosos projetos de investigação alguma vez concebidos e o exemplo de uma iniciativa científica de larga escala que congrega países de quatro continentes. Representando o nosso país, o Ministro para a Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, coroou com a sua assinatura a participação ativa de Portugal no SKA, tanto ao nível da investigação científica como da indústria nacionais.
Segundo José Afonso, coordenador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA
3): “
O IA tem participado ativamente na definição da ciência que o SKA vai realizar, trazendo a experiência em radioastronomia resultante tanto da participação do IA nos chamados percursores do SKA, o Australian Square Kilometre Array Pathfinder (ASKAP) e o telescópio MeerKAT na África do Sul, como enquanto Centro de Competências Português para o radiotelescópio ALMA (PACE)”. Através deste centro, desde 2014 que o IA tem vindo a aumentar de forma surpreendente a competência no nosso país em radioastronomia.
O Square Kilometre Array Observatory (SKAO) será a segunda organização intergovernamental em astronomia no mundo, depois do Observatório Europeu do Sul (
ESO), de que Portugal também é membro. Tal como com o ESO, o IA aposta no SKA para explorar atuais e futuras linhas de investigação do instituto: o aparecimento das primeiras galáxias e dos primeiros buracos negros supermassivos no Universo, a formação de planetas e de moléculas complexas no meio interestelar, as primeiras estrelas que se formaram depois do Big Bang, e até mesmo a compreensão da estrutura global do Universo.
A infraestrutura do SKA ficará espalhada por três continentes em ambos os hemisférios. As suas duas redes de centenas de discos e milhares de antenas serão distribuídas por centenas de quilómetros na Austrália e na África do Sul, com a sede no Reino Unido. Contratos para a construção do SKA serão atribuídos a empresas e fornecedores dos países membros, em que se inclui Portugal, com retornos, geração de novas empresas, e impactos que irão muito além da investigação em astronomia.
“
Desenhar, construir e operar o maior telescópio do mundo leva décadas de esforços, experiência, inovação, perseverança e colaboração global. Hoje colocámos as fundações que nos permitirão tornar o SKA uma realidade”, disse Catherine Cesarsky, Presidente do Conselho de Administração do SKA, em
notícia emitida pela SKA Organization.
Notas
- O Square Kilometre Array é uma iniciativa internacional para construir o maior radiotelescópio do mundo. Não se trata de um único telescópio, mas de um conjunto de telescópios espalhados por uma grande área. Será construído na Austrália e na África do Sul, com expansões posteriores em ambos os países e noutros países africanos.
- O Square Kilometre Array Observatory (SKAO) é uma organização intergovernamental constituída, para já, pelos seguintes sete países membros fundadores: Austrália, África do Sul, China, Itália, Países Baixos, Portugal e Reino Unido.
- O Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) é a maior unidade de investigação na área das Ciências do Espaço em Portugal, integrando investigadores da Universidade do Porto e da Universidade de Lisboa, e englobando a maioria da produção científica nacional na área. Foi avaliado como “Excelente” na última avaliação que a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) encomendou à European Science Foundation (ESF). A atividade do IA é financiada por fundos nacionais e internacionais, incluindo pela FCT/MCES (UID/FIS/04434/2019).
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